domingo, 16 de maio de 2010

Um dia contarei a história que é a minha vida III

Os Natais eram belos! O presépio tinha musgo fresco apanhado no quintal, a árvore era natural. O pai cortava-a. Mas eu escolhia-a... Compravam-me as coletâneas de música que guardo em vinil ainda hoje... Tínhamos presentes. A cozinha era um palácio onde rainhas imperavam. O jantar era diferente... (na altura, eu detestava batatas com bacalhau!). Experimentávamos os presentes... Simples, tão simples mas tão importantes, fundamentais! Cantávamos:) Eu, o irmão e a madrinha! Cantávamos muito! Não importava o resto do ano. O Natal era simplesmente precioso... O pai trazia sempre chocolates, daqueles de colocar na árvore e guardava mais alguns só para mim... Havia passas, pinhões, Porto, champanhe. O frio era tão quente! Era melhor que o sol dos trópicos! Os gatos percorriam a casa. Entravam, saíam, espreguiçavam-se, subiam aos sofás, faziam-nos sorrir...
A canela... Ai, a canela... Na aletria, nos mexidos... O bolo-rei com brindes que nós sabíamos que era o pai a pô-los lá:)... As ruas eram vazias de sons, mas o ar tinha a música da orquestra de todos os anjos. Não se viam carros na rua. Tudo estava fechado. E tudo me bastava. É o que me lembro e é o quero lembrar.
Mesmo que o tempo não passasse, mesmo que estivéssemos ainda todos... não voltará a haver Natal.

2 comentários:

  1. Claro que o Natal, quando éramos mais novos, era magico, tinha um «je ne sais quoi...» Mas mesmo assim um natal em família, com os que estão, é sempre um dia especial. E será sempre um natal.
    ganda beijoca pa tu.

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