quarta-feira, 13 de abril de 2011

Lenga-lenga

Ah!... a infância... onde há sonhos de princesas, casinhas de papelão, bolos enormes cobertos de chocolate, pesadelos, para que fôssemos aconchegados... onde todos aceitavam as nossas brincadeiras e, se não o faziam, fazíamos nós a birra, só para nos verem chorar... Ah!... Ainda que a infelicidade entrasse, havia sempre o "Verão Azul"... O meu irmão tagarelava-me assim, só para me ver sorrir: "Sentado num avião, percorri todo o Japão numa bela madrugada. Numa noite de horror, avariou-se-me o motor... atirei-me cá p'ra baixo! Às promessas que eu fazia, talvez me sentiria, Tarzan, o homem-macaco. Mandei-lhe 3 bochechos tão direitinhos aos queixos que o bichinho até dançõu. Dei-lhe 4 cabeçadas, ficou de pernas cruzadas, nunca mais se levantou! A murros matei leões, elefantes, tubarões e valentes crocodilos, papagaios e mosquitos, pintassilgos, periquitos, moscas, baratas e grilos"... Deve faltar alguma parte, mas foi isto que a minha memória selecionou:)... Ah!... E eu, depois de ouvir 500 mil vezes a lenga-lenga, esbugalhava os olhos e ria e ria... da mesma forma... sem ter histórias, crescia ao sabor de pedaços rasgados de magia. E não se deve esquecer... nem a queda mais dolorosa, curada pelo carinho da mãe...

sábado, 9 de abril de 2011

Ver antes

Havia no fundo um rochedo. Mas o mal, foi que não viu as águas pantanosas em que mergulhou. Então, qual o mal do rochedo no fundo? Nenhum.

Enganos

Tudo me transcende...até o céu coberto de algo indefinível que retém um calor absurdo de sustentar! Quero sentir as rosas e os amores-perfeitos. Quero sentir um friozinho que sibila a primavera, um não sei quê que se espreguiçava no ar, de manhã à noite... Ah... Tudo me transcende e fico só... Vejo por olhos de águia e cheiro por antenas de formiga. E fico só... detesto que me atrapalhem os dias, as noites e os minutos! Seja quem for. Detesto que me acordem do que estou a sonhar, vivendo! Detesto! É insuportável!
Oiço tudo com a voracidade da abelha e vejo tudo a 3 dimensões. Que coisa!Dou por mim a rir dos engraçados. Dou por mim a querer estar noutro lugar, sempre...
Onde está tudo? Onde está o delírio perfeito? Onde? Não... não é no passado. É aqui, agora, neste lugar, onde labuto, mas, que afinal, não construo. Talvez seja a tal névoa que retém o calor insuportável de abril... talvez... se me quisesse enganar.
Não, não! Não é para fugir. É para aceitar... Até onde e como for.

domingo, 3 de abril de 2011

Revisitar

A vida é labiríntica. Porque a escolhemos, ou porque não tivemos a oportunidade de a escolher. Há a memória, o registo aparentemente inócuo de vivências que não se escolhem. Há poucas pessoas que sabem o valor das coisas, mas sobretudo é muito reduzido o número de pessoas que sabem que há marcas indeléveis do passado que são fósseis no presente. Não é uma decisão final, nem fatal. É simplesmente uma constatação. Ontem, mais uma vez confrontei-me com realidades humanas e dolorosas. Não estamos bem, quando vemos lágrimas nos olhos de quem não sabe o que fazer... Se já vivenciamos essas dores, misturamos o sal das lágrimas e, se não formos egoístas e absurdamente hedonistas, sabemos muito bem o que se passa.
O passado só o é se o entendermos e se tivermos suporte, pois, de contrário pode tornar-se sempre presente. E tal não é real. Mas é real a dor. É preciso revisitá-la. Mas... que dizer a alguém que apenas observa mentiras, e crê que são puras verdades, porque é muito jovem para o saber?...

Le Petit Prince

Como mulher, passei por histórias que a maioria dos seres com que me cruzo consideram, hum... treta. Sim. Não tenho quaisquer dúvidas.  P...