sábado, 26 de junho de 2010

Dançar...

Dançar. Mas o que é dançar?... É não calcar, não decalcar, não imitar, não exibir, não olhar para o lado, para o espelho, não se intimidar. Dançar não é moda, é não torturar, não insultar o corpo nem os seus movimentos, é não fingir, é não pensar que se sabe dançar...
Sorri, liberta, sê como o vento a ondear as searas, sê liberdde, sê simplicidade, sê sedução, sê cumplicidade, sê tudo, sê feliz! Ai Cuba, yo quiero vivir in Cuba, etc e tal... Não enforquem a dança. Antes de nós, ela existia. Depois de nós, ela existirá. Fica quase sempre o vazio por aqui, porque uma Arte é genuina. Seduz, mas apenas se fores autêntico!

Vocações

Final de ano lectivo... Só um professor sabe. Pode estar o mundo contra ele, o governo, a religião, os país, a sociedade. Só um professor sabe... O que é uma escola vazia... Mais ninguém. Só um professor sabe o que falhou, o que foi fantástico, o que foi angustiante, o que foi brilhante, o que foi frustrante, o que foi enternecedor, o que foi desgastante, o que foi orgulho, o que foi falta de forças, o que foi persistência, o que foi desgaste, o que foi lição, o que foi contradição, o que foi sentir a falta, para recomeçar tudo outra vez, depois de "muitas férias" (dizem alguns "tão entendidos" e outros que não sabem nada). Só um professor aprende todos os anos, chora todos os anos, enternece-se todos os anos, quer desistir todos os anos, persiste todos os anos, constrói todos os anos, cresce todos os anos, fica diferente todos anos, tem saudades todos anos, fica inseguro todos os anos, comunica todos os anos, está triste e torna-se actor/ actriz todos os anos... Ninguém sabe o prazer estonteante, deprimente, glorioso, desgastante, apaixonante que é ser professor... E a Escola fica vazia... Um professor nunca pára, nem nas férias. Em tudo o que vê, imagina como o poderá transformar para os seus alunos. Mas descansa, como só ele sabe descansar... Porque ensinar é renovar em cada dia, é ser jovem eternamente, é ser pássaro e toupeira, é ser livre estando preso. Só mesmo quem sabe! Não tentem sequer imaginar... Só mesmo quem sabe. Voar é tudo o que escrevi. Mas, em toda a alegria e desânimo... Só um professor é que sabe!

domingo, 20 de junho de 2010

Oferendas

Ora bem, como é que nós percebemos os ritmos da vida? Há anos, apanhava eu, desmesuradamente, sol (inconsciente) e passei por situações muito interessantes. Uma delas, enquanto esperava o meu irmão, deitada nas dunas (pois então, o Norte é igual a si mesmo) e alguém surge, conversa, comenta o meu cigarro (nesta altura ainda a família não sabia) e oferece-me (sem mais nem porquê) um livro. É um facto que eu estava a ler. Mas o que leva um estranho (bastante mais velho) a oferecer um livro?... Muito intressante. E muito curiosamente, esse livro era "O ano da morte de Ricardo Reis" de Saramago. Não vou falar do eterno escritor que viu chegada a sua hora, até porque quem lê o meu blog, sabe o que penso sobre ele. O que me faz pensar é que alguém me ofereceu um livro. Sem exigências, trocas, investidas sexuais ou outras. Como percebemos os ritmos da vida? O que nos oferecem as pessoas, hoje? Sorrisos, simpatia, respeito, consideração? Cruzamo-nos com rostos carrancudos, desconfiados, interessados em tudo o que é "ilícito", mal dispostos, nem sei! As pessoas vêem novelas, os morangos sem açucar e até se emocionam! Fantástico! O problema é que depois vêm para as ruas com os rostos carrancudos, os olhares desconfiados e até demasiadamente maldosos. E depois há aqueles que querem parecer iguais a estas vidas e olham com desdém até para o mar! Que é isto? Se tiverem respostas plausíveis para explicar estes factos, dêem-mas, porque efectivamente eu continuo a não perceber O QUE É ISTO? Bem, continuo à espera da oferenda de livros, que é como quem diz, continuo à espera que a Humanidade se dê, sem restrições... Eu prometo que este Verão vou oferecer, para além de tudo aquilo que tenho, um livro a alguém. O pior é se esse alguém vai pensar que eu tenho outra intenção... Estão a ver a problemática??? Uf! É cansativo... Estou de férias!!! Brevemente vou contemplar o Mar!!! Eu penso que quando se pagarem os sorrisos e a simpatia, as pessoas vou considerá-los "in". QUE É ISTO?...

"Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria."

Pablo Neruda



Um fotógrafo captou o momento exacto em que uma cadela beijou o bombeiro que a salvou.


POUCOS DE NÓS HUMANOS, TEMOS O GESTO NOBRE DE AGRADECER A QUEM NOS FAZ O BEM. ESSA FOTO MOSTRA-NOS QUE ATÉ AS OUTRAS ESPÉCIES ANIMAIS TEM O SENTIDO DA GRATIDÃO.

O NÃO AGRADECER A QUEM NOS FAZ O BEM, DEMONSTRA O QUANTO AINDA TEMOS QUE SOFRER PARA NOS TORNARMOS HUMANOS.


Gestos

COM TODA A HUMILDADE, CONTEMPLAÇÃO, ADMIRAÇÃO E GRATIDÃO PERANTE A NATUREZA, SAÚDO O VERÃO! QUE SEJA MAGNÍFICO E ETERNO!

sábado, 19 de junho de 2010

Silêncio

A vontade de escrever é imensa. Mas nem sei o quê... Tantos e tão poucos gritos soltos, por aí. Gritos mudos, por vezes, não são a solução. É mesmo preciso Gritar a bons pulmões! Porém... Não vou gritar... Vou conversar. Que vontade de escrever e estar a sentir um vazio! Penso que os gritos me ensurdecem. E eu quero o silêncio. O silêncio dos corais. Estou cansada do barulho: dos carros, dos corta-relvas, das campainhas, de algumas vozes. Estou prestes a enlouquecer. Quando afirmo: "Deixem-me", não é para me deixarem, é para não falarem alto. Nem com a cruel mudez.
Tudo parece tão óbvio para as pessoas. Tão assertivas que elas são. Que barulho! Quero o silêncio. O silêncio... Se uma gaivota grasnar, se o vento se enfurecer, se os trovões rugirem, se o mar rebentar impiedosamente as ondas, se quem me quer bem, e a quem eu quero bem, falar e falar e falar... Estou em silêncio.
Amanhece... Quando tudo desperta, eu encerro o livro, fecho-o e rendo-me ao silêncio. Estou com frio e com uma enorme vontade de escutar... Nada.

sábado, 12 de junho de 2010

Ba(p)tismo

Entrego os meus pés à areia. Dispo-me por completo e a lua compreensiva oferece-me a luz que me inteira. Dispo-me, devagar. Não tenho pressa, como o tempo não a tem. Caminho displicente e meiga. E abraço o Mar! Mais poderoso, muito mais poderoso, acolhe-me. Baptizo-me. E renasço. Em cada movimento do mar. Com a entrega, poder e mestria da pureza que tem e que é. Nado sem parar! Respiro. Oro. Escuto inadvertivamente o silêncio que toco. Percebo que é macio, doce, pintado de um azul que só eu sei. Então, olho para trás. Vejo a esvairem-se pedaços de pele. Pedaços de mente incontrolável. Pedaços de passado. Pedaços de inquietação. Estremeço. Um arrepio de chuva morna a cair. Um sabor de algas e sargaço. O Mar oferenda-me um copo magnífico de vinho. Inebria-me. Aconchega-me e... Põe-me a descoberto!!! Senti medo, senti vergonha, senti... Mas... Não! Foi a mente enganadora. O ego que prevaleceu por pouco tempo. O Mar desfez em pedaços melodiosos o que ficou para trás! Estou despida e sou feliz! Renasci. Afinal, por que renasci? Foi pelo Mar? Talvez. Mas sobretudo, foi no meio do silêncio, vestida de água salgada, o meu desejo inabalável de ir... E quando me deixei ir... saí lentamente da água, e percebi que quando queremos, renascemos ao sabor do Universo e na vontade intrínseca de viver! Nesta noite, não sequei o meu corpo. Cada poro, cheirava a sal e a horizontes longinquamente perto. Deitei-me na areia e agradeci. Tudo! Renascer não é voltar ao ventre da mãe. Renascer é querer, pedir ajuda e galgar os caminhos distintos da vida. Eu despi-me. E continuo. Nesta noite, sussurei ao vento palavras que ninguém me ensinou. Soprei bolas de sabão. Dancei com todos os sentidos. Falei, escutei, amei... Calei... Não, por acaso não estava sozinha. Quem observou o meu renascer, não teceu comentários, não julgou, não criticou... Deixou-me estar, porque sabia que para ir despida ter com ele, eu teria que passar pela metamorfose das águas do Mar... Agora, molhada, eu, de sal, escutamos... Sabem o quê? O que bem nos apetecer! Aos meus amigos, aqueles que me sabem e que me estimam com o coração.
Houve alguém que nada me disse, mas disse tudo. Alguém que magoou sem saber. Alguém que tinha a sabedoria da Vida. Umas vezes certa, outras vezes errada, mas tinha... Ensinou-me sem saber, deu-me garra, deu-me discernimento, deu-me orgulho, deu-me... sem saber dar... Mas deu. E dele nasci. Sou sangue dele. Sou filha dele. E vêm-me agora com conversas de chacha? Não! Só quem sabe o que é o sofrimento, sabe o quanto se pode adqurir dele. Pode demorar tempo. Pode ser confuso. Mas é algo espiritual. Tantas coisas que estou a descobrir: com choro, com compaixão, com serenidade, com amor... Ninguém conhece o verdadeiro sofrimento de quem não o mostra. E lamento... Uma querida amiga escreveu-me :"Temos que nos reconciliar com a nossa história". As almas perturbadas estão bem vivas, apesar de andarem mortas e quererem fazer-nos morrer também. Ele nunca me deixou morrer... E eu sei que fiz o mesmo com ele... Despediu-se com a calma que sempre foi dele, e foi de mim apenas que esperou para se despedir... E senti que às vezes é melhor partir do que viver no inferno. Ao meu pai...

Recado

Já alguém me disse (por sinal um adulto com pouco menos que a minha idade) que "Ah e tal, porque tu também já viveste muito" "Ah e tal tás a ver eu ainda sou um "puto". Deixa-me rir!!! Esta história não é minha. As experiências são tudo na vida se as aproveitarmos da melhor maneira, porém... Não é uma questão de "experiências" apenas, é mesmo uma questão de Ser. E quanto a isso, garanto-vos que não há nada, mesmo nada a fazer.

sábado, 5 de junho de 2010

wake up

Nem imaginam o que significa esta música para mim. Estremeço, emociono-me, choro sem dor, apenas nostalgia. Tantas, mas tantas vezes que a cantei. Escrevia a letra, parando o gira-discos e voltando a colocar a agulha... :)... Era o tempo em que eu tinha medo da falta dos meus pais (ainda hoje tenho, mas a vida não perdoa...) era o tempo de ter medo de morrer e não estar cá na manhã seguinte para receber os presentes de Natal. Era o tempo dos duetos com o meu irmão. Era o tempo de ter medo na minha infância/ adolescência complexas... Mas a música, ah... a música... Hoje tenho outras músicas (mas esta...), e tenho outros medos. Não, não vou falar desses medos que talvez estejam a pensar. Hoje tenho medo dos que não têm consciência de si mesmos. Hoje tenho medo dos egocêntricos. Hoje tenho medo dos que berram, hoje tenho medo dos que enganam, hoje tenho medo de não ser escutada. Hoje tenho medo dos que pensam que já tudo sabem, e são esses que nada sabem. Hoje tenho medo que me tirem as âncoras da fé que vou tendo nos outros. Hoje tenho medo de quem boceja a mesma treta de sempre, sem verdade. Hoje tenho medo de quem se silencia. Hoje tenho medo das aparências. Hoje tenho medo da ignorância dos outros. Hoje tenho medo dos que dançam a olhar para o lado, dos que cantam sem sentir. Hoje tenho medo dos que fogem àquilo que realmente são e que alimentam um ego inabalável. Hoje tenho medo dos vaidosos. Hoje tenho medo da falta de respeito, de consideração, de amizade, de companheirismo, tenho medo da frieza, dos que dizem "eu sou como sou e o resto que se f..." Porque é muito difícil compreender. É irritante, é de rir desenfreadamente, é de chorar, é de gritar! Conversas feitas e refeitas de quem não tem mais nada para dizer. Tenho medo que a Humanidade se esvazie. Tenho medo dos politicamente correctos, mas que pensam que não são e são rudes, medievais! Ai, quem me dera tanto e tão pouco!... Os outros medos... ficam para mim. São meus e sou eu quem os vai enfrentar... Partilho e tento transmimir ao Universo a Paz que sinto ao escutar e sentir... "Love of my life". Há coisas que nunca mudam... Aquelas que são belas e que por isso não as queremos estragar... "You don't know what it means to me..."

Le Petit Prince

Como mulher, passei por histórias que a maioria dos seres com que me cruzo consideram, hum... treta. Sim. Não tenho quaisquer dúvidas.  P...