quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hummm... o café

"Uma lenda conta que um pastor chamado Kaldi observou que suas cabras ficavam mais espertas ao comer as folhas e frutos do cafeeiro. Ele experimentou os frutos e sentiu maior vivacidade. Um monge da região, informado sobre o facto, começou a utilizar uma infusão de frutos para resistir ao sono enquanto orava.

O conhecimento dos efeitos da bebida disseminou-se e, no século XVI, o café era utilizado no oriente, sendo torrado pela primeira vez na Pérsia.
Na Arábia, a infusão do café recebeu o nome de kahwah ou cahue (ou ainda qah'wa, do original em árabe قهوة). Enquanto na língua turco-otomana era conhecido como kahve, cujo significado original também era "vinho". A classificação Coffea arabica foi dada pelo naturalista Lineu.
O café no entanto teve inimigos mesmo entre os árabes, que consideravam suas propriedades contrárias às leis do profeta Maomé. No entanto, o café venceu essas resistências e até os doutores maometanos aderiram à bebida para favorecer a digestão, alegrar o espírito e afastar o sono, segundo os escritores da época."

Perdoem-me esta extensa informação, mas há nas lendas um "não sei o quê" de verdade e magia.
"Vamos tomar café"; Um dia destes tomamos café?" Rituais que podem apenas significar "vamos encontrar-nos..." Mas já me conhecem... Não é sobre a convivência social do café nem da metonímia que vou falar... Já me conhecem...
Comprei uma serigrafia que adoro! Os tons, cheiros de África embrenham-na (bem, a moldura custou mais que a serigrafia, mas é bom sobre-elevar os nossos caprichos- que eu direi desejos- às vezes...
Eu não devo beber café. Ponto. Mas é impossível! Claro que o faço, quando sei como o meu espírito poderá reagir.
Sinto a forma dos grãos, sempre que posso... Por mim, caminhava sobre eles, despia-me perante eles, desfalecia em amor...Absorvo as histórias de calor e sensualidade que exalam... Descrevo-o... Intenso, colorido, odor de terras que nem sei se existem, mas que quero percorrer... Cerro os olhos, insufluo as narinas e escuto músicas e gentes calorosas... Entrego-me ao sabor, não antes do odor... Acorda os meus cinco sentidos... acorda, mima, equlibra...

Um príncipe enlouqueceu por amor. Chamava-se Iani. A loucura fê-lo percorrer o karma dos loucos. Trancado no castelo, no corpo e na alma, desceu às profundezas do inferno. Na fogueira dos perdidos, atiçada com raiva, desdém e ódio, intolerava o calor... Lembrou-se de tudo. Do amor perdido, da vida faustosa, da futilidade, da devassidão. Irina estava lá. viu-o. Num gesto animalesco, Iani, gritou, blasfemou, trovejou... Ela percebeu que nem ali ele conseguia ter paz... Irina era bela. Belíssima. Os seus cabelos eram a grande confusão de lúcifer! Não queimavam, não encrespavam, não mudavam a cor! Irina entrelaçava as mãos. Sempre. "Piedade!" Pensava o dono do desterrro humano. Não, Irina agarrou em vida uns grãos. Passo à frente pormenores... Iani desistiu até da morte. Ela tinha consigo o veneno destinado ao inferno. Uns grãos que começou a desfazer com as suas mãos queimadas, solitárias. Deitou o pó, deles extraído, na caldeira preferida do mestre. Uma nuvem inebriante começou a formar-se... Iani desconheceu-se, mas reconheceu Irina. Abraçaram-se e elevaram-se nesta nuvam, tão leve, mas tão consistente. O que fez lúcifer? Deiixou-os partir. Hein??? Pois é... Há magia até nos momentos mais finitos, e infinitamnte derradeiros. Ainda hoje, diz-se que o mestre do desterro morre de amores pele nuvem que paira. Iani e Irina? É uma história que foi esquecida, menos pelas almas que absolvidas do corpo se deixam guiar pelos sentidos... Já nada é como nos contaram...
Eu, sempre que posso, onde quer que esteja e com quem esteja, acordo os meus sentidos, afasto a fogueira irada e continuo a saber da história de Iani e Irina, na companhia de um café...

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