Caminhava sem reconhecer os passos. Escondia-me na cabeça baixa de não querer que o mundo se pronunciasse sobre mim. Borrifei para os trajes, camuflei as formas do meu corpo, negligenciei o cabelo. Era indiferente. Tudo fora nascido melhor que eu. Ouvia música nas portas fechadas do casarão antigo da Sra- a-Branca. Coreografava, perseguia outros mundos e olhava o mundo real por detrás das cortinas daquela sala. Tinha medo. Tinha vergonha. Tinha muita solidão. Escrevia a letra das músicas: auscultadores e... ninguém sabia o que eu fazia. Mas cantava. E tocava. Era um orgão que me fora oferecido por uma amiga da família, em que premia as teclas, e com os conhecimentos que tinha da escola, tocava... E dançava. E fazia de conta. A valer!
No hospital sombrio onde me deixavam com a madrinha, gravávamos canções, a duas vozes. Era magnífico!
Onde ficaram os meus dons? Algures, esquecidos por quem mos deveria desenvolver...
E continuei... a apanhar sol, no quintal daquela casa... Via o "Verão Azul" e "queria lá saber!"
Ninguém quis saber. Até ao momento, muito tempo depois, em que eu quis saber!
Hoje, a música, a dança, as letras percorrem o meu ser. Sem mágoas, neste aspecto.
E mais uma vez eu queria que me tivessem mostrado e dito que o sol nascia por e para mim. E que eu era o sol...
Gostava muito de fazer parte dela...;)
ResponderEliminarOu quiça escrever o prefácio da tua já linda vida.
Aceitavas?
beiju