Penso que sou a sereia
Serei eu a voz que encanta
Enquanto os outros baixinho
Baixam os olhos de espinhos
Lancetando a vida alheia?
Alheais-vos do que ouvistes
Escutando cantos tristes
Torturando aquele encanto
Da música lenta e branda que nunca mais outra vistes
À meia noite em ponto
Indelével como a passagem do tempo
Ela surge sufocando-se em esperanças
Que o tempo rega
O Canto? O Canto?
Onde está?
Nas histórias de magia
De um livro inacabado.
Canta| Canta Sereia!
Deixa os pés dos que cá estão
Pisar apenas a areia
Sem saber por onde vão.
Canta, pois cantar é desfazer
O feitiço de duende
Que qualquer forma assume
E ninguém sabe o que quer.
Canta, para a multidão que surda
Te quer emudecer.
Deixa, porque apenas um sonho basta
Para se ser o que se quer.
Canta alto, canta baixinho
Mas que a tua voz de carinho
Faça a montanha abraçar-te!
Que a tua cauda de peixe
No hibridismo do ser
Seja chamada de humana
E afinal só quem não sabe quem és
Se confunde nas marés
E chama-te desordeira
O céu é igual!
Mas que ideia a tua?
Quereres que o teu canto
Seja mais verdadeiro que a mágica luz da Lua...
Corre, corre e abraça
Entrelaça a voz e o corpo
Vibra, vibra
Não pares de sonhar
Outrora foste miragem
Desapareceste quando te aproximaste
Não te mintas
Agarra a cauda
E caminha na certeza
De que a cauda em que seguras
São os pés da viajante
Que trémulos mesmo ainda
Mostram ao Mundo a Verdade
Em permanente Beleza.
Sem comentários:
Enviar um comentário