sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eles não sabem nem sonham

Ironia do destino. "Detesto Saramago" dizia eu. Pretérito imperfeito. Preparo o "Memorial do Convento". Apaixono-me pelas coisas. Cuidado: não pelo que estou a sentir profissionalmente! Agora percebo: por que vive em Lanzarote, por que é amado por Pilar del Rio, por que a grande maioria dos portugueses não o suporta. É inteligente e sensível. A questão está no que ao percorrer as páginas de um livro eu me reencontrei como a mulher, pela visão de um homem. Baltasar e Blimunda... Sem ter em consideração o final trágico que o autor quis dar à história, esta é a perfeita união. Faz estremecer! Seduz! Cativa...
Farto-me de proferir auto críticas! Porque sou irónica, sarcástica, crítica e acredito que posso mudar o mundo! Afinal, não sou a única.. Não adquiri, ainda, o poder de libertar o meu verdadeiro eu. E chateio-me. Revolto-me. Entristeço-me... O poder libertador, transparente da palavra persiste em insinuar-se no meu caminho. Poderia dizer tanta coisa, mas não creio que haja mentes muito abertas e disponíveis! É verdade. Definitivamente, quero voltar a ser o que sempre fui: anarca q. b. Sabem porquê? Porque alguém de quando em vez me recorda, das formas mais variadas possíveis, que não faço parte do rebanho. E quem continuar a pensar que faço... Está enganado. Já passei noites a olhar as estrelas perante um céu escuro, escuro, Já passei noites a falar de coisas insignificantes para muitos. Já passei rios, caminhos descalços, despidos, humedecidos por lágrimas de tristeza ou de agradecimento e euforia! Já passei noites em claro. Já vi o dia a nascer. Já abracei, já beijei, já desatinei, já adormeci nos braços de alguém, já fugi da chuva e do vento. Já procurei a noite e o sol! Revoltei-me contra os outros, amei os outros, enalteci os outros, acarinhei os outros, fugi dos outros. Já joguei à bola, saltei rochedos, escutei murmúrios de ondas, de gentes, de solidão. Já fiquei à toa, já me escondi do mundo, já quis morrer, já ri com a maior vontade de rir! Já fui fútil, já fui muito inteligente, já fui completamente ansiosa, já fui tudo e nada... Já magoei. Já fui magoada... Mas... Blimunda, ensina-me a ver por dentro... Até ao meu encontro com "Baltasar". O Tribunal do "bendito" santo ofício é a sociedade que temos e esta está mais perto do que o que podemos imaginar.

Se um dia falarem de mim, que as primeiras palavras sejam "verdade" "tolerância" e "liberdade". Se assim não for, deixem-me estar sossegada... Um dia destes passo-me daqui na "Passarola" de Bartolomeu de Gusmão... Quando penso nisso, esboço um gande sorriso:)............ Mas não irei sozinha.

Com todo o carinho para quem me quer muito bem, desde as entranhas. Também vos quero muito bem!

1 comentário:

  1. Lindo...
    todos deviam caminhar no sentido de serem eles próprios...
    Só assim teriamos um mundo melhor.

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